![]() Louise Gracielle. MySpace pessoal MySpace da minha banda, Aknatha Orkut da Aknatha YouTube da Aknatha dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 julho 2005 setembro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 dezembro 2006 Página principal Extreme Tracking Haloscan Hiper Contador iMood Pink Floyd Ruy ![]() |
.:: terça-feira, março 28, 2006 Todos os dias, ao entardecer, passava por aquela casa e via sempre as janelas com suas partes abertas rigorosamente em mesma medida. A tão ínfima fresta que se formava atraía os olhares mais curiosos que por ali iam quase distraídos - o dela era um deles. Espiava a cena estática pelos átimos em que passava e, como disfarce e punição pela vergonha da indiscrição que cometera, voltava os olhos rapidamente ao chão. Lá dentro, guardados pelo sigilo daquelas paredes, o mundo deles tinha rotação mais lenta, translação mais rápida, explosões constantes. Viviam em guerra subjetiva, não declarada e iminente. Já não se olhavam pelo temor das faíscas que por ventura lhes seriam atiradas pelo outro, mantinham o diálogo necessário à condução da vida, evitando ao máximo o contato instintivo. Sofriam sem sentir o sofrimento, tal era a forma como a ele estavam acostumados... Quem passava lá fora mal poderia imaginar que os moradores daquele casebre eram como as partes daquela janela: tão próximos pelo amor mútuo que ainda nutriam secretamente, mas eternamente distantes pelos interstícios da incompreensão de seus próprios sentimentos... PS.: Texto já antigo, publicado em outro site, mas muitas coisas parecem perdurar ou repetir... Semana que vem eu posto algo novo! PPS.: Template feito pelo Ruy. Obrigada, filho! A-DO-REI! ![]() [Ê, vício!] .:: Por Louise Gracielle, às 5:26 PM. .:: sábado, março 04, 2006 ![]() Engraçado como a gente fala, né? Fala com os amigos, talvez com a família, fala com estranhos e às vezes até com as paredes. Fala no silêncio, no vácuo, no escuro, fala baixo quando quer ser escutado e alto pra tentar acreditar no que está falando. A gente grita quando é grande o alvoroço. A gente fala até com os dedos quando está no trânsito e há um barbeiro maldito no caminho. A gente fala sozinha, a gente fala calada, a gente fala escrevendo. Fala lenta, rápida, ansiosa, brusca, rude, doce ou inadequadamente. Pelos buracos, pelos cotovelos, pelos olhares. Por gestos, caretas, ruídos, gemidos. Sobre o inferno e o céu, no inferno e no céu. A gente fala e não se cansa! Interrompe o falatório do outro e fala. Vê qualquer coisa, não resiste, e fala! A gente fala tanto que nem percebe tantos mais falando com a gente. E o que era pra ser uma sintonia de falas, vira uma confusão deplorável! E quando a gente se cala e houve a dissonância de tantas falas diferentes simultâneas, a gente fala que os outros é que falam demais!!! Mas aí a gente nunca mais se cala. * * * Metade dos problemas de cada um de nós se resolveria se aguçássemos o sentido de ouvir. Mais do que uma carência afetiva, vivemos a carência dos bons e velhos ouvidos. Infinitas serão nossas conversas superficiais, não porque sejamos superficiais ou não tenhamos intimidade uns com os outros, mas sim porque não encontramos ouvidos a postos para a paciente tarefa de nos ouvir. Pois bem. Prazer, você! Sou toda ouvidos! "For millions of years mankind lived just like animals. Then something happened which unleashed the power of our imagination: We learned to talk..." (Pink Floyd) ![]() .:: Por Louise Gracielle, às 5:17 PM. |