Sabem?, eu tive meu último dia de escola essa semana (só Deus sabe se vou passar por cursinho ano que vem) e, como num filme em câmera lenta, fui lembrando as situações que já vivi na esfera estudantil e tomei nota do que aprendi além dos livros.
Eu me lembro bem daquelas garotas que achavam que eu era E.T., porque tinha um estojo verde e não rosa, como o de todas as meninas. Ali eu já comecei a entender que crianças não sabiam conviver com as diferenças - e passei a amar ser diferente. Exemplo: dia de tirar foto pra formatura. A professora pediu pra que usassem a camisa de manga curta e o que a Louise fez? Foi de manga comprida, só pra irritar.
Fui uma presença desagradável na sala de aula até minha terceira série. Levava banho de Nescau todo dia, quase ninguém me dava papo, ouvia "chegou quem não devia" no início de cada aula, eu era a "periferia". Quando cheguei à quarta série, fui...digamos...neutra! Tinha um grupo maior de amigas, mas não representava "peso" na sala de aula.
Aí, quando cheguei à quinta série, fizeram o imenso favor de me apavorar com vestibular - detalhe que eu não sabia o que era isso, só sabia que tinha de estudar pra valer. E a guria que não imaginava o que vinha depois da oitava série na "hierarquia dos estudos" começou a se estressar com provas. Se existe uma coisa de que eu vá me arrepender a vida toda foi de ter estudado feito louca sendo tão nova, tendo tantas outras coisas pra fazer. Mas todos achavam aquilo lindo: uma aluna aplicada.
Anos mais tarde, percebi que havia três letrinhas infernais com as quais taxavam os "alunos aplicados":
CDF. E percebi que uma vez posto o rótulo, para sempre excluído das “bocadas". É, porque os melhores jogadores de basquete são muito prestigiados e ganham
status dentro da escola, mas quem é bom em Matemática, é só mais um de "óculos-fundo-de-garrafa". Ah, e os nerds sempre se apaixonam pelos "bam-bam-bam's" do colégio, nunca o contrário (o contrário só acontece em filme americano: na realidade, os "bam-bam-bam's" nunca notam a existência dos nerds). Também acabei verificando como o grupo dos excluídos era sempre mais interessante (excluídos sempre se entendem!).
A lição mais importante que tirei de tudo foi que não vale a pena estudar sem se ter um sonho a buscar. Você só vai sentir como se sua “inteligência” fosse exclusivamente sobre o que as apostilas contêm e vai acabar perdendo amigos cujas idéias são contrárias a essas suas. Definitivamente, não vale a pena ler livros clássicos só porque a professora diz ser "culto". Não vale a pena ser culto, não adianta ouvir música clássica ou ser entendedor de Camões, política, crise financeira se você não tem um objetivo alcançável por tais vias. É total e absoluta perda de tempo, sim.