Há exatamente um ano houve um terrível incêndio numa mata próxima. Não me lembro se descobriram a causa da coisa, acredito ter sido culpa de alguém que estava fazendo trilha. Enfim, o negócio foi assustador! Choviam cinzas em vários quarteirões, a ventania foi alastrando o fogo rapidamente e casas quase foram atingidas. O que mais me aborreceu no dia foi a impossibilidade de ação diante do caos. Enquanto a gente ouvia aquele barulho horrendo de vegetal se queimando, ligávamos pro Corpo de Bombeiros, o qual dizia "não poder agir até que alguma casa fosse atingida". Ou seja, não apagariam o fogo na mata, só tentariam conter as chamas que se aproximassem dos edifícios. Considerei o fato um absurdo, mesmo sabendo que os bombeiros poderiam não dispor de equipamento nem de homens suficientes para conter o fogaréu. É difícil entender as coisas durante a confusão... A mata estava lá, "preta" no dia seguinte. Hoje ela não esbanja a beleza de antes (havia mais ipês...), mas vem literalmente ressurgindo das cinzas.
E é pensando na natureza que pensamos em nós mesmos (pra mim, não é o contrário). Talvez tenhamos também essa característica de fênix; talvez possamos, dos restos de um abalo interior, ressurgir! No entanto, a capacidade de regenerar nosso ego não significa que sempre possamos ser destruídos, "queimados" nos sentimentos e "pisoteados" nas emoções. Quanto mais prejudicadas nossas forças - o nosso solo -, mais expostas nossas raízes...mais fácil nossa queda...mais perto do chão (I'm six feet from the edge and I'm thinking "maybe six feet ain't so far down")!
"Because there has always been heartache and pain
And when it's over, you'll breathe again
You'll breathe again"
(Savage Garden)
Josh Groban - You're Still You.